Por:Fábio Góis - fabio@portalibahia.com.br
Banda nova, velhos e novos companheiros, a mesma filosofia. O ex-vocalista da Scambo, Pedro Pondé, está de volta ao cenário musical com a banda O Círculo, composta por Júnior [baixo], Israel [teclado] - também ex-integrantes da Scambo - Daniel Coentro [bateria], Tassiano e Beff do Amor [guitarras].
Agora de casa nova, Pondé quer dar continuidade a um trabalho musical cheio de ideologias e sentimentos. Ele quer alcançar as pessoas através da música de uma forma simples e popular. Ele quer misturar o regional com o mundial. Ele quer que todos sejam companheiros e toquem pela harmonia. Ele quer tocar para o mundo. O objetivo do grupo é misturar o rock, a MPB, o samba e o regional. Querem fazer música que acalme e faça refletir.
Para entender tudo o que aconteceu desde a saída da Scambo até o surgimento do O Círculo, Pedro Pondé esteve no iBahia.com e abriu o jogo sobre o que pensa a respeito de música, arte, banda e relacionamentos.
iBahia.com: Pedro, banda nova surgindo no cenário de Salvador. Como e quando surgiu a idéia de criar O Círculo?Pedro Pondé: Eu digo que O Círculo começou antes da gente saber ou imaginar que ia começar. Porque, até então, eu, Júnior e Israel fazíamos parte da Scambo e, na nossa cabeça, a gente estava fazendo música para a Scambo. Tudo isso lá em São Paulo. Quando você viaja com a banda as coisas começam a ficar mais claras. Percebemos que não tinha mais aquela unidade, nos transformamos em dois grupos. Eu, como vocalista, me senti mal porque eu era uma voz só. Eu não representava mais a banda. Então, como eu não conseguia cantar por todos, foi melhor separar. Eu ia acabar me sentindo uma fraude para subir no palco e cantar 'Scambo, este é meu nome', sabendo que por trás as coisas não iam tão bem. Então O Círculo começou assim: nós três fazendo som em São Paulo. Na verdade foi algo natural. Fomos nos afastando e fazendo música separados. Quando voltamos para Salvador, decidimos sair da Scambo por diversos motivos e fazer um trabalho paralelo.
iBahia.com: Quais foram os motivos?Pedro Pondé: A gente não estava sendo ouvido e não nos sentíamos mais parte do trabalho. A nossa utopia era fazer uma música de qualidade e viver bem de música, eu digo estar em harmonia. Não esperar o sucesso. Ele pode acontecer como não pode também. Você tem que estar feliz no dia-a-dia sem esta pressão de 'temos que fazer sucesso', sabe? E essa tensão aconteceu demais. Outro ponto foi que a gente não foi ouvido. Muitas coisas mudaram do início da Scambo para os últimos tempos.
iBahia.com: Você realmente informou que sairia da banda pelo Orkut, antes mesmo de falar com os integrantes da banda?Pedro Pondé: Sim. Isso aconteceu porque, nem mesmo na hora que falei que estava fora da banda, fui ouvido. Eu já tinha decidido sair da banda umas três vezes antes, mas mudava de idéia porque acho o trabalho da Scambo muito bom. E o público me ganhava. As coisas não estavam boas entre a gente, mas quando aconteciam os shows, eu entrava em contato com o público e era tudo fantástico. Porém, chegou ao ponto de não suportar mais. Na reunião, com todos da banda, avisei, mas não me ouviram mais uma vez. Então resolvi ir ao Orkut e falar diretamente com o público. Resolvi me despedir e agradecer a todo mundo. Mas depois senti que me passaram pra trás quando publicaram um texto sobre minha saída na imprensa, sem nem mesmo eu ler e concordar. Sinto que todo meu trabalho foi esquecido.
iBahia.com: Depois da poeira ter abaixado, como está o relacionamento de você, Israel e Júnior com a Scambo?Pedro Pondé: Eu acho que as coisas poderiam ter sido resolvidas de uma forma mais civilizada. A gente poderia ter se escutado com mais calma. Poderíamos até nos separar, mas como futuros possíveis parceiros. Não digo que ficou uma rixa entre nós, mas sim uma mágoa e só com o tempo para passar. Com tempo e com a consciência que todo mundo errou de alguma forma e tentar levar os novos trabalhos pra frente. Todos do O Círculo acreditam no trabalho da Scambo, mas realmente foi o lado pessoal que acabou afastando a gente.
iBahia.com: Você disse que o caminho que a Scambo estava trilhando não te agradava. Que caminho você pretende seguir com O Círculo?Pedro Pondé: Um caminho sem segundas intenções. Tudo tem que ser claro, tudo tem que ser transparente, tudo tem que ser dito. Meu objetivo com a música é tocar as pessoas. Agora eu estou até trabalhando mais meu lado compositor. Sentamos todos juntos do O Círculo e fazemos músicas, todo mundo junto. Eu acredito que você pode fazer uma música simples e boa. Simples não quer dizer pobre, e popular não quer dizer vulgar. Então eu quero fazer música popular, música falando do povo e pro povo. As pessoas entendem o que é simples e verdadeiro.
iBahia.com: Músicas da Scambo estão no repertório do O Círculo. Quais são?Pedro Pondé: A gente está tocando 'Meu Bem', 'Implosão', entre outras. Mas todas com versões diferentes. Estão entrando pessoas novas na banda e elas tem a liberdade total para interferir no trabalho.
iBahia.com: Uma dos seus pontos fortes no palco é a performance teatral. Isso vem muito da sua formação de ator, não é? O que busca expressar pela música?Pedro Pondé: Eu acho que a música tem um poder incrível. Ao mesmo tempo que você está usando a palavra, que por si só já é um instrumento de uma força impressionante, ao aliarmos ela à música, ela torna-se capaz de alcançar as pessoas. E antes de você falar e tocar, tem que ter um sentimento por trás e foi o que eu ganhei com o teatro. Hoje eu sou meio que um mutante. Não sei se sou um ator que canta ou um cantor que atua. Acho que a mistura entre o teatro e música possibilita pegar um atalho para os corações das pessoas.
iBahia.com: Vocês dizem que a apresentação do O Círculo não será apenas um show, mas um espetáculo com teatro, iluminação e figurino...Pedro Pondé: A apresentação teatral por si só já acontece. Eu falo que eu não sei cantar. Eu sei interpretar o que estou cantando. O espetáculo, propriamente falando, a gente vai desenvolver com mais tempo. Isso porque nós temos que nos conhecer melhor. Qualquer interferência minha no figurino ou iluminação, seria algo meu, e não da banda. Acho que gradualmente o show se transformará em um grande espetáculo.
iBahia.com: E de novidade já está surgindo a proposta do 'Rock Popular Brasileiro', não é isso?Pedro Pondé: Nem é criar o Rock Popular Brasileiro, até porque ele já existe. Já existe a expressão Rock/Pop, mas poucas pessoas se identificam com o som. E eu sinto falta de escutar o 'Rock... Popular... Brasileiro', eu gosto de escutar a palavra 'popular' e também o 'brasileiro' no final.
iBahia.com: O que o Rock Popular Brasileiro apresenta na música?Pedro Pondé: Ele é não é uma novidade. Tem o exemplo do Nação Zumbi, do Los Hermanos, Paralamas já faz há um bom tempo. São bandas que assimilam o que vem de fora e conseguem colocar o que é da sua região na música. Acredito que isso transforma a música em universal. Pô, eu tenho influência rock? Tenho. Eu tenho influência regional? Tenho. Eu tenho as duas coisas, eu vou misturar então. Assim, sem querer, você pode atingir quem está em Nova York ou quem está aqui em Irecê.
iBahia.com: A partir do lançamento da banda, quais serão os objetivos do O Círculo?Pedro Pondé: Ah... nosso objetivo é o dia 23 (primeira apresentação da banda). Tipo, ensaiar é massa, é legal, mas sem o público é ensaio.
iBahia.com: E o que é este Círculo?Pedro Pondé: O Círculo são vários pontos voltados para o mesmo objetivo e todos estão à mesma distância do centro. Ou seja, não há hierarquia. Todo mundo tem o mesmo peso, a mesma opinião. Todo mundo é dono. Todo mundo é funcionário. Todo mundo se cobra e vamos nessa.
iBahia.com: Algum recado para o público?Pedro Pondé: Tem uma texto que é bacana, de um diretor teatral, que não vou lembrar o nome agora, que era mais ou menos assim. O maior sonho da vida dele era ser dono de circo. Mas por que? Porque ele queria ter pessoas que se gostassem muito, que se exigissem pouco e que fizessem alguns números. Isso para mim define o que é arte popular. Fazer pelo prazer de fazer e não pelo o que pode acontecer depois. Acho que é isso...
Banda nova, velhos e novos companheiros, a mesma filosofia. O ex-vocalista da Scambo, Pedro Pondé, está de volta ao cenário musical com a banda O Círculo, composta por Júnior [baixo], Israel [teclado] - também ex-integrantes da Scambo - Daniel Coentro [bateria], Tassiano e Beff do Amor [guitarras].
Agora de casa nova, Pondé quer dar continuidade a um trabalho musical cheio de ideologias e sentimentos. Ele quer alcançar as pessoas através da música de uma forma simples e popular. Ele quer misturar o regional com o mundial. Ele quer que todos sejam companheiros e toquem pela harmonia. Ele quer tocar para o mundo. O objetivo do grupo é misturar o rock, a MPB, o samba e o regional. Querem fazer música que acalme e faça refletir.
Para entender tudo o que aconteceu desde a saída da Scambo até o surgimento do O Círculo, Pedro Pondé esteve no iBahia.com e abriu o jogo sobre o que pensa a respeito de música, arte, banda e relacionamentos.
iBahia.com: Pedro, banda nova surgindo no cenário de Salvador. Como e quando surgiu a idéia de criar O Círculo?Pedro Pondé: Eu digo que O Círculo começou antes da gente saber ou imaginar que ia começar. Porque, até então, eu, Júnior e Israel fazíamos parte da Scambo e, na nossa cabeça, a gente estava fazendo música para a Scambo. Tudo isso lá em São Paulo. Quando você viaja com a banda as coisas começam a ficar mais claras. Percebemos que não tinha mais aquela unidade, nos transformamos em dois grupos. Eu, como vocalista, me senti mal porque eu era uma voz só. Eu não representava mais a banda. Então, como eu não conseguia cantar por todos, foi melhor separar. Eu ia acabar me sentindo uma fraude para subir no palco e cantar 'Scambo, este é meu nome', sabendo que por trás as coisas não iam tão bem. Então O Círculo começou assim: nós três fazendo som em São Paulo. Na verdade foi algo natural. Fomos nos afastando e fazendo música separados. Quando voltamos para Salvador, decidimos sair da Scambo por diversos motivos e fazer um trabalho paralelo.
iBahia.com: Quais foram os motivos?Pedro Pondé: A gente não estava sendo ouvido e não nos sentíamos mais parte do trabalho. A nossa utopia era fazer uma música de qualidade e viver bem de música, eu digo estar em harmonia. Não esperar o sucesso. Ele pode acontecer como não pode também. Você tem que estar feliz no dia-a-dia sem esta pressão de 'temos que fazer sucesso', sabe? E essa tensão aconteceu demais. Outro ponto foi que a gente não foi ouvido. Muitas coisas mudaram do início da Scambo para os últimos tempos.
iBahia.com: Você realmente informou que sairia da banda pelo Orkut, antes mesmo de falar com os integrantes da banda?Pedro Pondé: Sim. Isso aconteceu porque, nem mesmo na hora que falei que estava fora da banda, fui ouvido. Eu já tinha decidido sair da banda umas três vezes antes, mas mudava de idéia porque acho o trabalho da Scambo muito bom. E o público me ganhava. As coisas não estavam boas entre a gente, mas quando aconteciam os shows, eu entrava em contato com o público e era tudo fantástico. Porém, chegou ao ponto de não suportar mais. Na reunião, com todos da banda, avisei, mas não me ouviram mais uma vez. Então resolvi ir ao Orkut e falar diretamente com o público. Resolvi me despedir e agradecer a todo mundo. Mas depois senti que me passaram pra trás quando publicaram um texto sobre minha saída na imprensa, sem nem mesmo eu ler e concordar. Sinto que todo meu trabalho foi esquecido.
iBahia.com: Depois da poeira ter abaixado, como está o relacionamento de você, Israel e Júnior com a Scambo?Pedro Pondé: Eu acho que as coisas poderiam ter sido resolvidas de uma forma mais civilizada. A gente poderia ter se escutado com mais calma. Poderíamos até nos separar, mas como futuros possíveis parceiros. Não digo que ficou uma rixa entre nós, mas sim uma mágoa e só com o tempo para passar. Com tempo e com a consciência que todo mundo errou de alguma forma e tentar levar os novos trabalhos pra frente. Todos do O Círculo acreditam no trabalho da Scambo, mas realmente foi o lado pessoal que acabou afastando a gente.
iBahia.com: Você disse que o caminho que a Scambo estava trilhando não te agradava. Que caminho você pretende seguir com O Círculo?Pedro Pondé: Um caminho sem segundas intenções. Tudo tem que ser claro, tudo tem que ser transparente, tudo tem que ser dito. Meu objetivo com a música é tocar as pessoas. Agora eu estou até trabalhando mais meu lado compositor. Sentamos todos juntos do O Círculo e fazemos músicas, todo mundo junto. Eu acredito que você pode fazer uma música simples e boa. Simples não quer dizer pobre, e popular não quer dizer vulgar. Então eu quero fazer música popular, música falando do povo e pro povo. As pessoas entendem o que é simples e verdadeiro.
iBahia.com: Músicas da Scambo estão no repertório do O Círculo. Quais são?Pedro Pondé: A gente está tocando 'Meu Bem', 'Implosão', entre outras. Mas todas com versões diferentes. Estão entrando pessoas novas na banda e elas tem a liberdade total para interferir no trabalho.
iBahia.com: Uma dos seus pontos fortes no palco é a performance teatral. Isso vem muito da sua formação de ator, não é? O que busca expressar pela música?Pedro Pondé: Eu acho que a música tem um poder incrível. Ao mesmo tempo que você está usando a palavra, que por si só já é um instrumento de uma força impressionante, ao aliarmos ela à música, ela torna-se capaz de alcançar as pessoas. E antes de você falar e tocar, tem que ter um sentimento por trás e foi o que eu ganhei com o teatro. Hoje eu sou meio que um mutante. Não sei se sou um ator que canta ou um cantor que atua. Acho que a mistura entre o teatro e música possibilita pegar um atalho para os corações das pessoas.
iBahia.com: Vocês dizem que a apresentação do O Círculo não será apenas um show, mas um espetáculo com teatro, iluminação e figurino...Pedro Pondé: A apresentação teatral por si só já acontece. Eu falo que eu não sei cantar. Eu sei interpretar o que estou cantando. O espetáculo, propriamente falando, a gente vai desenvolver com mais tempo. Isso porque nós temos que nos conhecer melhor. Qualquer interferência minha no figurino ou iluminação, seria algo meu, e não da banda. Acho que gradualmente o show se transformará em um grande espetáculo.
iBahia.com: E de novidade já está surgindo a proposta do 'Rock Popular Brasileiro', não é isso?Pedro Pondé: Nem é criar o Rock Popular Brasileiro, até porque ele já existe. Já existe a expressão Rock/Pop, mas poucas pessoas se identificam com o som. E eu sinto falta de escutar o 'Rock... Popular... Brasileiro', eu gosto de escutar a palavra 'popular' e também o 'brasileiro' no final.
iBahia.com: O que o Rock Popular Brasileiro apresenta na música?Pedro Pondé: Ele é não é uma novidade. Tem o exemplo do Nação Zumbi, do Los Hermanos, Paralamas já faz há um bom tempo. São bandas que assimilam o que vem de fora e conseguem colocar o que é da sua região na música. Acredito que isso transforma a música em universal. Pô, eu tenho influência rock? Tenho. Eu tenho influência regional? Tenho. Eu tenho as duas coisas, eu vou misturar então. Assim, sem querer, você pode atingir quem está em Nova York ou quem está aqui em Irecê.
iBahia.com: A partir do lançamento da banda, quais serão os objetivos do O Círculo?Pedro Pondé: Ah... nosso objetivo é o dia 23 (primeira apresentação da banda). Tipo, ensaiar é massa, é legal, mas sem o público é ensaio.
iBahia.com: E o que é este Círculo?Pedro Pondé: O Círculo são vários pontos voltados para o mesmo objetivo e todos estão à mesma distância do centro. Ou seja, não há hierarquia. Todo mundo tem o mesmo peso, a mesma opinião. Todo mundo é dono. Todo mundo é funcionário. Todo mundo se cobra e vamos nessa.
iBahia.com: Algum recado para o público?Pedro Pondé: Tem uma texto que é bacana, de um diretor teatral, que não vou lembrar o nome agora, que era mais ou menos assim. O maior sonho da vida dele era ser dono de circo. Mas por que? Porque ele queria ter pessoas que se gostassem muito, que se exigissem pouco e que fizessem alguns números. Isso para mim define o que é arte popular. Fazer pelo prazer de fazer e não pelo o que pode acontecer depois. Acho que é isso...

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