O rock que pulsa fora dos domínios do Rio Vermelho
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O bairro boêmio do Rio Vermelho concentra a maior parte dos espaços que abrigam shows de rock em Salvador. Do velho Calypso à Casa da Dinha, que há pouco tempo começou a receber eventos de bandas independentes, alguns dos momentos mais memoráveis para o rock local aconteceram por lá. Mas existem bandas que, por dificuldade em se inserir nesse 'circuito', batalham em outros cantos - muitas vezes, seus bairros de origem. Da cidade baixa, de onde saiu a lendária Dead Billies, vem a Game Over Riverside, que surgiu da fusão da Los vermes psicodélicos com a Paraphrenia. 'Alguns integrantes das duas bandas queriam continuar, outros não. Havia também dificuldades em encontrar um baterista, mas acabamos formando a banda só com gente aqui da cidade baixa mesmo', lembra o baterista Leo Cima. As duas bandas tocavam em eventos que aconteciam por lá, como o Cistern Freedom, e nos poucos espaços onde aconteciam shows de rock. 'Tem público e banda na cidade baixa pra tudo quanto é gosto, inclusive várias de hardcore e punk, mas são poucos os lugares que promovem festas de rock. A cidade baixa é uma região bem família, as pessoas prezam pela paz e pelo silêncio', brinca Leo. A demo da Game Over Riversidade foi gravada no estúdio Skaman, que fica no Bonfim, e atualmente o grupo está na fase de pré produção do novo trabalho, que ainda não tem formato nem distribuição definidos. Para Leo Cima, partir para o Rio Vermelho é um caminho inevitável. 'É a zona de conforto, o bairro tem muitos espaços e oferece condições, muita gente participa dos eventos que acontecem lá. Ninguém conhecia a Los vermes psicodélicos fora da cidade baixa, a banda ficou por lá. Quem quer ter projeção na cena local acaba indo tocar no Rio Vermelho. Sei que acontecem coisas em Cajazeiras, em São Caetano, que tem o Café Ateliê JC Barreto. Acho que as bandas também devem tocar em lugares diferentes, até para que as pessoas que moram longe do Rio Vermelho poderem ir.'O Café Ateliê JC Barreto foi um dos primeiros palcos para o vestido preto de valentina, banda de São Caetano que teve a música '100 anos' e o vídeo de 'Bulimia' recentemente incluídas na coletânea do selo goiano Beep Bop. Para o grupo, a centralização hoje é menor: 'a questão é que por muito tempo o rock ficou com as portas fechadas, e apenas no Rio vermelho existiam lugares onde o publico e as bandas apareciam. Hoje exitem lugares como o Insurgente (no Campo da Pólvora), o ateliê JC Barreto, no São Caetano, entre outros na Barra, Pelourinho, Cabula, Cajazeiras, etc. Quando tocamos nesses espaços o publico é outro, às vezes aparece um ou duas pessoas do circuito do Rio Vermelho. Tem muita molecada curtindo shows de rock por ai, e isso é positivo. o vestido preto de Valentina, assim como Theo e os Irmãos da Bailarina, toca em qualquer lugar, do Rio Vermelho a São Caetano.'Quem também opina sobre a centralização da cena alternativa local no Rio Vermelho é Rodrigo 'Sputter' Chagas, vocalista do The Honkers: 'Fica difícil sair de lá porque em bairros periféricos, como os da cidade baixa, muita gente não quer ou não pode pagar ingresso, e o público 'cativo' do Rio Vermelho não desce para lá.' Inúmeras outras bandas se aventuram no que poderia ser chamado de 'underground do underground', entre estas: Costeletas de Fogo, Almas Mortas, Órbita Zero, Julia Veota, Zanguera, Entre Mentes, Lucida, Sine Qua Non, Projeto Núcleo, Confusão e Machina.
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