terça-feira, setembro 04, 2007

Pop do fundo do coração



Por :Marina Novelli

O Rio de Janeiro continua sendo um grande produtor de bandas bacanas. Do fenômeno Los Hermanos até Orquestra Imperial, Canastra, Brasov, MopTop, Nervoso e os Calmantes e tantas outras. E muitos músicos desse circuito tocam em projetos paralelos, são amigos e acabam trabalhando juntos hora ou outra. É o caso da Do Amor. A banda se apresenta pela primeira vez em Salvador nesta quinta [6/9], junto com as baianas Pessoas Invisíveis e Ronei Jorge & os Ladrões de Bicicleta. Na formação, uma guitarra é Gabriel Bubu [ex-Los Hermanos], a outra é Gustavo Benjão [Nervoso e os Calmantes, Totonho e os Cabra] o baixo é Ricardo Dias Gomes [Caetano Veloso, Brasov] e bateria é Marcelo Callado [Caetano Veloso, Canastra, Lafayette e os Tremendões]. Todo mundo canta. Isso mesmo, além da Do Amor, eles também fazem parte das tais bandas bacanas de lá do Rio. Mas Do Amor é muito mais que isso. Parece haver um mínimo denominador comum pulsando entre eles. Marcelo, Bubu e Gustavo tocavam juntos na Carne de Segunda, findada em 2004. Logo em seguida começamos a planejar uma nova banda. O Ricardo [Dias Gomes] era amigo nosso, já tínhamos tocado juntos, e ficou a idéia, conta Bubu. Em 2006 começaram os primeiros ensaios e composições. Em abril de 2007 veio o primeiro show. Mas, com tantos projetos paralelos, como é a vida da banda? Precisamos de muita organização, tentar bater as agendas, a rotina é maluca. Quando a gente tocava na Carne de Segunda, era sair do colégio e tocar o dia todo. Agora que nego é adulto, tem filho [caso do Ricardo], é diferente, conta Bubu. Eles compõem juntos sempre que se encontram, mas também acabam fazendo músicas sozinhos e arranjando durante os ensaios. Gabriel Benjão é o único que está no Rio de Janeiro na hora da conversa, enquanto Bubu visita a namorada em Porto Alegre e Ricardo e Marcelo fazem show em Buenos Aires com Caetano Veloso. Esse contato com outros universos dá mais legitimidade para o som que a gente faz, nos deixa mais experientes, comenta Gustavo. Dicionário Amoroso  A banda, no MySpace, expõe as referências num rol a perder de vista: axé anos 80, tropicália, guitarrada, dub, carimbó, Jimi Hendrix. Não buscamos uma definição. Todo elemento pode entrar, diz Gustavo. As músicas do EP são todas composições da banda, e têm um frescor raro. Para Bubu, a explicação é simples: Tem uma tranqüilidade, uma despretensão que pode funcionar como uma pretensão do que a gente quer fazer. Fora o aspecto da amizade, do prazer de tocar juntos. Isso é valioso. Os planos agora são aumentar a pilha de músicas e fazer todos os shows possíveis, em qualquer canto. Bubu, que já teve mordomias de gravadora e megaprodução, encara a independência numa boa. Tô disposto a ralar, tocar em buracos e correr atrás, dispara o ex-hermano. VÁ LÁ Do Amor, Pessoas Invisíveis e Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta Zauber [Ladeira da Misericórdia] 6/9 22h R$ 15 Um real por canção - A banda tem um trabalho autoral sofisticado e pop  no melhor sentido da palavra. O som é colorido, as letras têm tiradas esquisitas e a psicodelia tem seu lugar. É tudo o que o pop precisa. Modelo Americano é um ska com um balanço meio arrocha, bom de ouvir. O refrão vem pronto: O modelo americano é bonito e penteado / o modelo americano não é novo é usado. Vão é a música [ou sílaba?] mais estranha do EP. Rimas discordantes, oscilação entre calma e caos e melancolia. Indie, com ecos de Radiohead. Santo do Deserto podia estar perdida no lado B de um disco do Moraes Moreira. Tem um balanço carnavalesco com direito a solos de guitarras quase baianas. Cântico é a balada com a cara da banda. Fala do amor, com direito a vocalizações e violão. Mas o pop aparece no mosaico da letra, do eu-lírico que casou no meio do Carnaval, e ainda rima aquário com caralho. Meu Coração é um axé quase arrocha, com seus piririm-pon-pons. Lembra Novos Baianos, com uma cara mais modernosa. O EP vai ser vendido a R$ 5 no show. As músicas do EP podem ser escutadas no MySpace da banda. Aqui, uma prévia da faixa Cântico, durante as gravações do EP.

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