quarta-feira, março 26, 2008

Cavalera Conspiracy


Teorias da conspiração
Por :Pablo Miyazawa
Após dez anos de distanciamento, os irmãos Max e Iggor Cavalera resolvem as diferenças da época do Sepultura, se reencontram como família e retomam a parceria musical com uma nova banda, Cavalera Conspiracy
O avião pousou em Phoenix (Arizona) às 11 horas da antevéspera do Halloween. Nesse dia, conforme a negociação prévia com seus assessores, Max Cavalera, ex-líder do Sepultura, atual líder do Soulfly, me concederia uma entrevista em seu rancho, na região norte da cidade. Um fax já me aguardava quando cheguei à recepção do hotel de beira de estrada. As intrincadas indicações para o retiro de campo do brasileiro Max e sua esposa e empresária, a norte-americana Gloria Cavalera, deixaram claro que a escolha de minha base havia sido equivocada. A distância até o destino ultrapassava 75 quilômetros: uma linha reta resultaria no ponto de encontro em cerca de uma hora e meia de viagem.
A taxista, que por coincidência também se chama Gloria, diz desconhecer o endereço que lhe entrego. “É longe”, se arrisca, comemorando intimamente o fato de conseguir metade da féria do dia em uma corrida. Bryan Roberts, o assessor da porção norte-americana dos Cavalera, alertara: “Se vier de táxi, o ideal é que o carro fique te esperando para o retorno”.
Após uma hora, a taxista contorna à esquerda e entra em uma estrada de terra. Cactos, pedras, poeira e nenhuma alma viva compunham o estereótipo de um típico deserto de desenho animado. O endereço se fazia inútil, visto que não havia lógica na numeração. A dica do “portão verde e a caixa de correio azul” no fax, por fim, se mostrou essencial. Na casa simples e de porte médio, janelas fechadas e ausência de ruídos davam impressão de abandono, exceto por um carro estacionado na garagem. Após um telefonema, Bryan aparece e pede à taxista que retorne em duas horas. Max teria um compromisso logo após o final da entrevista.
Na cozinha, conheço Gloria Cavalera. Aos 54 anos, seus cabelos não são coloridos como antigamente, mas as diversas tatuagens são evidentes, inclusive um coração com o nome do marido estampado abaixo do pescoço. Simpática, pergunta se demorei a encontrar a casa e pede para Bryan chamar Max nos fundos. Ela o conheceu no início dos anos 90, quando era empresária de bandas do Arizona e assinava como Gloria Bujnowski. Tornou-se manager do Sepultura em 1990 e casou-se com Max três anos depois. O casal tem dois filhos, Zyon, 14, e Igor, 11, ambos nascidos nos Estados Unidos.
Antes de sair, já sem o sorriso, a empresária faz um pedido, uma quase-ordem: “Não pergunte nada relacionado ao Sepultura”. Concordo com a cabeça, mesmo sabendo que uma restrição como essa seria impossível de ser seguida.
Era a madrugada de 17 de dezembro de 1996 quando o Sepultura deixou de existir como seus fãs haviam se acostumado até então. Horas após o fim da última apresentação de uma bem-sucedida turnê de 19 shows pela Europa, a banda de rock brasileira de maior sucesso internacional em todos os tempos alcançou as vias de fato. De um lado, Max e Gloria; de outro, Andreas Kisser, guitarrista, Paulo Jr., baixista, e Iggor Cavalera (na época, ainda grafando o nome com apenas um “g”), baterista e irmão de Max. O show em questão, com ingressos esgotados no lendário palco da Brixton Academy, em Londres, seria lançado anos mais tarde pela gravadora Roadrunner como o álbum ao vivo – e renegado pelo Sepultura – Under a Pale Grey Sky.
As circunstâncias e o conteúdo da discussão são ainda temas divergentes entre as partes envolvidas…
Você lê esta matéria na íntegra na edição 18, março/2008, que está nas bancas

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