quinta-feira, outubro 23, 2008

O AFROBEAT rouba a cena!!!!


17/10/2008
Batida contagiante e contagiosa
Texto Original
http://www.radiolaurbana.com.br





Por Ramiro Zwetsch
Flyer: Vini "Tchuna" Marson


Fotos: Zé Gabriel Lindoso
O afrobeat se espalha cada vez mais como um vírus do bem. Boas e novas bandas norte-americanas – como Nomo,Antibalas e Budos Band – aparecem aos montes e infectam cada vez mais ouvintes pelo mundo com a batida criada pelo nigeriano Fela Kuti há quatro décadas. O risco de contágio é grande para qualquer pessoa sensível ao groove. De um dia para o outro, o índivíduo se vê envolvido pelo transe hipnótico e diante de uma descontrolada fissura por discos do gênero. A partir deste estágio, todos que convivem com o infectado podem ser contaminados a qualquer momento.
No Brasil, a possibilidade de infecção é cada vez maior. A batida perfeita já arrebateu muita gente e seus sintomas contaminam cada vez mais bons trabalhos musicais. Jorge Ben Jor é um que convive com o vírus já há algum tempo. "Conheci Fela Kuti em um festival na Europa. Gostei muito da mistura das músicas, uma mescla de África e Europa", conta o mestre, por email. Instalada no organismo do músico desde a década de 70, a bactéria veio a se manifestar muitos anos depois, em 2002 – quando o compositor gravou um dos clássicos do nigeriano, "Shuffering & Shmiling", na companhia dos rappers Dead Prez e Talib Kweli, para a coletânea "Red, Hot & Riot". "Fizemos uma jam, com muita surpresa e improviso, foi muito legal. Eu estava em uma turnê pelos Estados Unidos e me convidaram para participar. A gravação aconteceu em um estúdio que era usado por Jimi Hendrix", lembra Ben Jor.
Músicos brasileiros de gerações mais recentes também já se vêem tomados pelo afrobeat. Lúcio Maia, guitarrista daNação Zumbi, diz que o trabalho da banda é influenciado por Fela. "Sempre ouvi muito e tenho vários discos dele. Ele é inspiração constante para todos nós da Nação Zumbi", reconhece. "Sem dúvida nenhuma, ele elevou a cultura africana, que sempre foi estereotipada na visão dos europeus e norte-americanos. Para o mundo, antes de Fela, a música africana era vista como tribos tocando tambores e dançando em círculos. Fela incorporou jazz, funk e soul a suas levadas locais, criando o afrobeat. Os países ocidentais começaram a consumir."
Lucas Santtana também já pegou o vírus há alguns anos. Ele observa que a influência do afrobeat está em muitas manifestações da música contemporânea. "Nas comemorações dos 70 anos do nascimento do grande Fela Kuti (15/10), o que mais tem me chamado a atenção não é a sua importância histórica como o homem que trouxe a black music para as suas origens negras. Também não é a influência do afrobeat nas picapes do hip hop – em trabalhos de bandas gringas, como Blackalicious, ou nacionais, como Mamelo Sound System. Afinal de contas, tudo isso começou com um cara cujo nome é Afrika Bambaataa." Ele prossegue: "ouvir a influência dos afrobeats em faixas de algumas jovens bandas de rock – como Metronomy, Vampire Weekend, Yeasayer e Casiokids – é o que mais me chama atenção nesta data celebrativa. Com certeza, é graças à internet e ao livre ir e vir dos MP3 que essas novas bandas do pop rock incorporam as batidas e guitarrinhas africanas em seus trabalhos. E, de alguma maneira, elas psicografam o que li recentemente nas paredes do Studio Mundo Novo: 'o futuro é agora, o presente já passou e o passado voltará'."
Outra ilustre infectada é Anelis Assumpção. Em seus shows, ela faz uma versão de uma música de Karina Bhur com direito a sample de Fela Kuti. "Eu estava ouvindo um disco dele que tem a música 'Mr. Grammarticologylisationalism The Boss' e comecei a cantar a melodia da Karina em cima. A harmonia é perfeita pra melodia dela. A música tem dessas magias... Mas aconteceu sem propósito, saca? Num foi uma coisa 'ah, tenho que samplear um Fela porque é diferenciado'. Gosto de fazer colagens. Nos meus shows tem outras brincadeiras dessas. Em tempos de MPC, é comum ver isso", explica Anelis. "Fela faz uma música sem igual, uma sonoridade que parece que já se ouviu antes, que já dançamos em algum tempo distante. Essa música está no nosso inconsciente, bate lá atrás. Toda a mistura que originou o afrobeat tem identificação direta com o Brasil: candomblé, metais, tambor, ideologia..."
O vírus do afrobeat está no ar. Pra pegar, é só chegar.
FESTA FELA 70
Quando: sexta-feira, 17/10, a partir das 23h
Onde: Cambridge, R. Nove de Julho, 210, Centro
Quanto: R$ 15
Discotegem 100% afro: MZK, Prila, Ramiro e Tahira

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