Bahia perde 106 restaurantes e bares este ano
Fonte: Aguirre Peixoto, do A TARDE
Desde o início do ano, 106 estabelecimentos de alimentação e entretenimento (bares, boates e restaurantes) já fecharam as portas na Bahia. Muitos desses locais passam por reformas, trocam de proprietários e, depois de pouco tempo, novamente se extinguem. A rotatividade neste segmento é grande, afirmam especialistas, atribuindo o fenômeno ao amadorismo na condução dos negócios.
O tempo médio de vida de um estabelecimento desse tipo é de dois anos. Depois, é necessário se renovar para continuar atraindo o público. “Neste segmento, a novidade será sempre a novidade. Se você abre um negócio e, uma semana depois, chega um novo bar do outro lado da rua, você sai perdendo”, analisa o consultor Ildázio Tavares Jr.
O desafio é apresentar uma identidade própria capaz de cativar o consumidor. “A pessoa não sai de casa só para fazer uma refeição, mas para consumir um conceito de local. Os estabelecimentos que duram mais tempo têm algum diferencial, seja uma forma de atender o cliente, uma opção de comida ou qualquer coisa do tipo”, explica Richard Alves, coordenador da carteira de economia criativa do Sebrae-BA (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Embora a identidade seja importante para fidelizar o público, um estabelecimento não sobrevive sem profissionalização. A criação de um plano de negócios, antes de colocar em prática a ideia, seria o mínimo necessário para um bom planejamento. “Todos têm algum parente que prepara um prato delicioso e deveria abrir um restaurante. Mas é preciso avaliar mercado, ver se há espaço para o tipo de comida. A ausência do planejamento deixa determinadas áreas saturadas, enquanto há demanda em outras”, argumenta Luiz Henrique Amaral, presidente da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel-BA). Segundo ele, têm surgido muitos negócios voltados às classes A e B, cujo alcance é limitado porque o soteropolitano possui uma renda média baixa. O valor é de R$ 1.130, segundo dados de setembro do IBGE, enquanto São Paulo, por exemplo, possui média de R$ 1.473 (a média dos brasileiros é R$ 1.346). Por outro lado, as classes C e D, crescentes em renda, são o novo mercado consumidor.
Conhecimento - Já com experiência de mercado, o empresário Antônio Alves, conhecido como Tony, estava preparado para adaptar seu negócio à renda do soteropolitano. O conhecimento possibilitou que, em apenas quatro meses, o consumo no bar Desabafo, cujo foco são drinks, cobrisse o investimento inicial de R$ 25 mil. “A maior dificuldade é fidelizar o cliente. Para isso sempre inovamos, cada semana coloco uma nova cor no bar, mudo algo na decoração, trago DJs diferentes”, diz Tony.
Paulista, ele chegou a Salvador há dez anos, trazendo a experiência de ter trabalhado no setor, e abriu aqui uma empresa especializada em serviços de bar. Só em junho deste ano é que Tony inaugurou o Desabafo, onde antes funcionava o bar Nhô Caldos, no Rio Vermelho. “Quem tem dinheiro em São Paulo sai segunda-feira, terça e quarta. Aqui não há essa cultura, o pessoal sai no final de semana e os preços têm que ser mais baixos, porque o poder de consumo é outro”, compara.
A falta de planejamento, no entanto, pode ser fatal. O consultor Ildázio lembra de um restaurante que foi aberto em um bairro onde havia já cinco outros estabelecimentos que ofereciam o mesmo tipo de comida e estavam entre os melhores da cidade. “Os empresários se baseiam no empirismo”, avalia.
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