quinta-feira, maio 29, 2008

NEWS dos Outros

Som de Dominguinhos enobrece prêmio apático
Por: Mauro Ferreira
Com uma jam de sanfoneiros, que juntou alguns dos melhores acordeonistas brasileiros sob o comando do homenageado Dominguinhos, a sexta edição do Prêmio Tim de Música foi encerrada em clima festivo, na noite de 28 de maio de 2008, dando um tom nordestino ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). Reverenciar a obra do autor de músicas como Contrato de Separação - revivida pela intérprete original do tema, Nana Caymmi, na companhia de Dominguinhos - foi uma bela idéia que engradeceu e enobreceu uma premiação em si apática, já que, para agilizar a cerimônia, os vencedores nunca têm o direito de agradecer pelos troféus. O que diminui o teor de emoção da festa.
Estreantes na função de apresentadores do prêmio, os atores Marcos Palmeira e Marieta Severo conduziram a cerimônia com desenvoltura e naturalidade. Disseram o texto com segurança e sem tentar fazer gracinhas para entreter a platéia de convidados. Mas a noite foi mesmo de Dominguinhos - efusivamente saudado pelo público logo que seu nome foi anunciado pelo presidente da Tim. Com seu acordeom e certo incômodo por ter que se apresentar com fones no ouvido ("Vou passar a noite ajeitando os ouvidos", gracejou), Dominguinhos esteve presente em todos os números musicais do show dirigido e arranjado pelo maestro Rildo Hora. Com Gilberto Gil, o sanfoneiro recordou o xote Eu Só Quero um Xodó, sucesso de Gil em 1973. Sem desafinar, Vanessa da Mata fez pulsar sua veia interiorana em Lamento Sertanejo enquanto Elba Ramalho reviveu De Volta pro Aconchego, a toada romântica que lhe garantiu lugar de destaque nas paradas de 1985. Já Luciano errou a letra de A Vida do Viajante - solada por ele enquanto o irmão Zezé Di Camargo se virava na sanfona ao lado de Dominguinhos - e pediu desculpas ao público. A dupla sertaneja emendou A Vida do Viajante com Tenho Sede no número mais problemático da noite. Ivete Sangalo interpretou Gostoso Demais, a bela toada que Maria Bethânia lançou em 1986.
A premiação em si foi correta e, desta vez, sem grandes absurdos - em que pesem algumas idiossincrassias como dar a Martinho da Vila o troféu de Melhor Cantor na categoria Canção Popular e de enquadrar Ivete Sangalo na categoria Regional (Ivete levou o prêmio de Melhor Cantora no segmento e subiu ao palco com papel no qual se lia ELBA, numa alusão a Elba Ramalho, veterana concorrente da categoria que saiu de mãos abanando nesta sexta edição do Prêmio Tim de Música - aliás, uma injustiça com Elba).
Na categoria MPB, Emilio Santiago levou os troféus de Melhor Disco (De um Jeito Diferente) e Melhor Cantor (a Melhor Cantora foi Nana Caymmi pelo CD Quem Inventou o Amor). Na área de Pop /Rock, Vanessa da Mata derrotou Fernanda Takai, que também perdeu o prêmio de Melhor Disco para Arnaldo Antunes (Ao Vivo no Estúdio). No segmento Regional, Siba faturou o prêmio de Melhor Disco (Toda Vez que Eu Dou um Passo o Mundo Sai do Lugar, também premiado com o troféu de Projeto Visual), mas o Melhor Cantor foi Rodrigo Maranhão pelo CD Bordado. Detalhe: Maranhão também levou o prêmio de Revelação. Já na categoria Samba, o domínio foi de Paulinho da Viola, também laureado com o troféu de Melhor Canção (Vai Dizer ao Vento). Como de praxe, Alcione faturou o prêmio de Melhor Cantora na categoria... E o Fundo de Quintal, o de grupo...
No todo, a merecida festa para Dominguinhos fez valer a noite. Ainda que o Prêmio Tim de Música deixe no ar, pela sexta vez, a sensação de que seus critérios são discutíveis. Não premiar Fernanda Takai e Roberta Sá - no ano em que ambas as cantoras concorriam com discos unanimamente festejados pela crítica - sinaliza um certo descompasso do corpo de jurados com o gosto geral. Mas, justiça seja feita, já houve premiações mais absurdas... e, de todo modo, o Prêmio Tim de Música não altera o status dos vencedores e tampouco diminui a importância dos perdedores ou dos ignorados - casos de Maria Rita, Paula Toller e Teresa Cristina.

PEC da Música em debate
Encontro discute imunidade fiscal de CDs e DVDs
Por: Ricardo Schott
O CD e o DVD comprados em lojas podem ter o preço baixado em até 30%. É o que esperam o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), a Associação Brasileira de Música Independente e a Associação Brasileira de Produtores de Discos, além de artistas como Tico Santa Cruz, Roberto Frejat, Fernanda Abreu e Fagner. Todos foram ao 1º Encontro-Rio da PEC da Música, no Hotel Everest, em Ipanema, anteontem à noite. Desde o ano passado, há uma mobilização em torno dessa iniciativa.
A Proposta de Emenda Constitucional 98/07 (a tal "PEC da Música") visa a conceder isenção tributária para a produção de CDs produzidos no Brasil ou interpretados por músicos brasileiros. Atualmente, a carga tributária sobre a vendagem física ou digital está em torno dos 30% do que é pago pelo consumidor final.
O objetivo é alcançar o mesmo nível de isenção dos livros. Pela Constituição federal, de 1988, há isenção fiscal para livros, revistas e periódicos e o papel destinado à sua impressão.
– A isenção vale para qualquer livro ou revista publicado. No nosso caso, estamos querendo lidar com uma coisa específica, que é nossa música – afirma o dono da gravadora Visom Digital, Carlos de Andrade.
Um ponto sensível citado por Carlos é a questão da assimetria fiscal – baseada no fato de as majors poderem distribuir seus produtos por intermédio dos fabricantes de Manaus, estando isentas do Imposto sobre Produtos Industrializados.
– A carga tributária incide sobre as pequenas, que não atraem os interesses dos distribuidores – diz Andrade.
O deputado Otávio Leite explica que a PEC deve ser votada em junho. E que, após a aprovação, os objetivos passam a ser outros.
– Com a baixa nos preços, os artistas deverão conscientizar seu público a não comprar discos piratas – conta.

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