sábado, fevereiro 14, 2009


Obama pode criar órgão público para a cultura



Com a redução de investimentos em produções artísticas nos EUA, setor cultural cobra do novo governo a criação de um cargo equivalente ao de ministro da Cultura. 

Como em muitos países, a crise financeira já começa a atingir o setor cultural norte-americano. Segundo matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em média, as doações a fundações culturais tiveram queda de 30% a 35% em 2008 na comparação com 2007. Os cálculos foram divulgados pela consultora da Rockefeller Philanthropy Advisors, Melissa Berman, que declarou na mesma matéria: “As [fundações culturais] que tinham fundos investidos com Bernie Madoff simplesmente desapareceram”.

Com essa queda, sofrem desde museus, que realizaram cortes entre 5% e 20%, de acordo com levantamento do “Art Newspaper” nos 50 maiores, até orquestras e óperas, como por exemplo, a Metropolitan Opera de Nova York, que eliminou 10% dos salários; a de Los Angeles reduziu 25% dos gastos; e a de San Francisco diminuiu o número de apresentações.

Até as áreas consideradas “à prova de recessão” registram os primeiros golpes, como Hollywood, que viu a bilheteria nos EUA e no Canadá cair de 1.4 bilhão de ingressos vendidos em 2007 para 1,36 bilhão em 2008, e a Broadway.

Neste cenário, a classe artística norte-americana se empenha em um projeto de criação de um cargo equivalente ao de ministro da Cultura, isto é, um “czar da cultura”, responsável pelo setor com acesso direto ao presidente, inexistente na atual estrutura do Executivo dos EUA. O mais próximo seria o presidente do National Endowment for the Arts (NEA), fundo federal de apoio às artes com orçamento anual de US$ 145 milhões (ou R$ 333 milhões) - o do MinC brasileiro é de R$ 1,35 bilhão. O posto é político, e o sucessor do indicado por George W. Bush ainda não foi anunciado pelo democrata.

Além da missão de cuidar de assuntos como incluir, no pacote de estímulo econômico de US$ 825 bilhões do governo, uma fatia para a cultura, o “czar da cultura” defenderá os representantes de um setor que responde por cerca de 6 milhões de empregos e injeta US$ 167 bilhões na economia dos EUA todos os anos, segundo números do grupo de lobby Americans for the Arts. 

Abaixo-assinado
O principal defensor do novo cargo é o músico Quincy Jones, que levou abaixo-assinado com 200 mil nomes ao novo presidente no dia da posse. A idéia foi vista com simpatia pela Casa Branca, e uma decisão deve sair nas próximas três semanas.

O pedido de Jones ganhou o apoio de William Ivey, ex-presidente do NEA, que coordenou a área de cultura do governo de transição e avaliou que houve um descuido do setor nos oito anos de Bush. “Se a tarefa [de recuperação] requer a consideração de uma nova agência governamental - um departamento de assuntos culturais com nível ministerial-, que seja”, declarou ele.

* Com informações do jornal Folha de S. Paulo – Sérgio Dávila.

Nenhum comentário:

Postar um comentário